Primeiro, vamos esclarecer que o ideal da esquerda não é, necessariamente, o "sonho pessoal" de seus líderes ou políticos que se dizem estar dentro desse espectro. A origem do termo vem da Revolução Francesa onde a oposição ao rei ou à nobreza se sentaram à esquerda do assento do Presidente da Assembleia Nacional Constituinte.
Segundo, a esquerda brasileira não é o Lulismo, nem o Petismo, nem a defesa de qualquer outro líder de esquerda, mas sim a defesa de uma maior igualdade social, defesa dos cidadãos que são considerados em desvantagem em relação aos outros e a luta contra a opressão capitalista que é a maior causadora das desigualdades sociais. Trata-se de um modo de produção injusto e precisa deixar de existir, ou seja, a esquerda defende o socialismo como saída humanitária para as crises econômicas e ambientais causadas pela exploração exercida pelos detentores dos meios de produção capitalistas.
No capitalismo, há uma elite produtora e uma classe operária explorada. Isto quer dizer que a classe trabalhadora não tem máquinas, nem dinheiro para produzir, restando somente a opção de "vender sua mão-de-obra" para ter renda e viver com um pouco de dignidade garantindo sua subsistência. Por isso, o ideal da agricultura familiar e a reforma agrária é defendida pela esquerda, pois, elimina a elite produtiva.
O conceito de mais-valia disseminado por Karl Marx é a raiz da luta de classes, onde a própria força de trabalho/mão de obra do operário torna-se uma mercadoria, à medida que será vendida em troca de dinheiro (salário). E foi ai aonde Marx percebeu que há uma disparidade entre o valor produzido pelo trabalhador e a remuneração que ele recebe gerando um "trabalho não pago" que é o excedente da produção e/ou o lucro. E assim conclui-se que a essência da luta de classes é: o capitalista ganha à medida que o trabalhador perde.
Frente a essa luta de classe, surgiu o liberalismo cujos defensores não enxergam injustiça na obtenção do lucro por parte do capitalista, ao contrário, para eles o lucro é o que moviementa a economia, além de ser uma recompensa pelos riscos assumidos pelo capitalista. E para se defenderem das teorias de esquerda começaram a criar barreiras tanto econômicas como ideológicas como o antiesquerdismo da extrema-direita.
Para que o antiesquerdismo se sustente não é preciso somente da reação contra a luta de classes, mas, uma política contrária ao que os líderes esquerdistas pregam, tentando gerar uma "mobilidade social", dando a entender que os objetivos pessoais do líderes são os objetivos da esquerda. E as propagandas e discursos tentam convencer que o capitalismo é o único sistema onde é possível que classes mais baixas ascendam a classes mais altas, assim como também ocorre de pessoas mais ricas tornarem-se mais pobres.
Com o avanço do antissocialismo, criou-se a figura pejorativa do "pobre de direita", aquele que apesar de explorado quer "enricar" e passar a ser explorador fortalecendo assim a elite opressora e enfraquecendo o proletário oprimido. O antiesquerdista passa, então, a considerar que todos os males sociais ocorrem por culpa daqueles que não se ajustam à sociedade e, por vezes, respondem com violência, sendo condenado por isso a sofrer as piores consequências possíveis de um Estado preocupado em reprimir comportamentos considerados absurdos contras as pessoas de bem ( pessoas que aceitam os padrões políticos e sociais da elite) reagindo com perseguição sistemática, tortura e/ou execução sumária.
Então, atualmente, temos o bolsonarismo como principal opositor da esquerda. Um antiesquerdismo perigoso, violento, construído pelo ódio político. O bolsonarista, além da defesa dos privilégios da elite, assim como o pobre de direita é um ressentido que não reconhece a sua pobreza material e intelectual, decorrente das limitações que são impostas pela opressão capitalista, barrando seu acesso à educação, à cultura, à saúde, e consequentemente aos empregos com salários mais altos, onde possa usar o conhecimento para conquistar uma melhor posição social.
A extrema-direita antiesquerdista é elitista e autocrata. Dispensa também valores culturais e científicos, por isso o bolsonarista é antiintelectualista, ele considera a busca pelo conhecimento acadêmico como uma barreira social e econômica para o ascenção social. E também ver a ciência como um ato esquerdista de manipulação da sabedoria popular e da saúde pública, sempre se sentindo ameaçados e que o povo está em constante conspiração contra suas ideias e seus governantes.
Portanto, muito cuidado quando ouvir alguém falar mal da esquerda. Falar mal de um líder esquerdista ou de um governo que se diz esquerdista é normal, pois, vivemos num país dominado pela direita que está a serviço do imperialismo (expansão política e econômica de uma nação em detrimento de outras) e infelizmente nunca tivemos no Brasil um governo de esquerda como se deve, mas, um governo de centro-esquerda que procura não ser totalmente contra o capitalismo, mas, procura atender os interesses da elite e diminuir a opressão capitalista sobre a classe trabalhadora.
E você, concorda, discorda? O que acha disso? Vamos futucar?
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