De forma descontraída e espontânea o blog bateu um papo com Lealdo Melo que além de Educador Social é político e através de sua postura questionadora nos concedeu alguns recortes do seu pensamento sobre a militância jovem e política em Japaratuba.
Histórico
José Lealdo Santos Melo, ou simplesmente Lealdo Melo, nasceu no Povoado Pororoca, município de Japoatã. Mora em Japaratuba desde 1986, é filho de Maria José Santos (Carmozita) e José Melo. Fez o ensino fundamental no Grupo de Dona (1ª a 4ª serie) e na época Escola de 1º Grau Senador Gonçalo Rollemberg (5ª a 8ª série), Ensino Médio No José de Matos.
Fez parte do Grupo de Jovens JASF, foi Conselheiro Tutelar e hoje é Educador Social no município de Carmópolis.
Acredita que seu interesse por política surgiu por conta da fase como conselheiro tutelar, assim como o grupo de jovens também influenciou (apesar de não ser um grupo de política propriamente dito). Ainda fez parte do “Tô de Olho", depois "montamos" o Ação Participativa, foi no Ação que "decidimos" ingressar na vida politico partidária.
Confira as 10 principais perguntas desse papo com Lealdo Melo:
1. O seu nome começou a se destacar ou ter maior publicidade na sua fase de conselheiro tutelar. O processo de eleição e exercício do cargo mudou muito de lá para cá? Quais as dificuldades e as novas perspectivas?
Na época que me candidatei ao cargo de conselheiro tutelar, as dificuldades para conseguir se eleger já existiam, famílias mais influentes saiam em vantagem com relação aos demais, mas comparando aos dias de hoje a diferença é gritante. Quando concorri, a nossa desvantagem se dava apenas por não ter um transporte para buscar eleitores nos povoados, existia a influência político/partidária mas era bem irrisória.
2. Você já fez parte de diversos grupos e movimentos. Um deles foi o JASF. De que forma essa participação nesse grupo contribuição para sua personalidade atual?
Foi no JASF onde tive as primeiras oportunidades de estar com pessoas de várias classes, gêneros e opiniões de diferentes da minha, ainda tínhamos oportunidades de encontrar diversos jovens de diversas regiões do nosso estado e de estados vizinhos. Sem sombra de dúvidas o JASF ajudou muito em minha formação como pessoa.
3. E o grupo de jovens, até que ponto podemos nos chamar de “jovens” e qual a importância de se reunir para debater os temas importantes sejam eles políticos ou não?
Atualmente estou com 44 anos mas não sinto o peso da idade, apenas vivo, e ser jovem é um estado de espírito, semelhante a estar mal ou bem, e como sempre estive em meio aos jovens e continuo, pois trabalho com crianças e adolescentes, certamente isso renova a minha juventude diariamente.
A reunião para discutir assuntos pertinentes aos nossos dias é de primordial importância, em um tempo onde o acesso à informação é muito fácil, só precisamos fazer com que as pessoas voltem a acreditar, pois a falta de interesse se dá por conta de quem lidera alguns grupos, pois estes o fazem por interesse particular e não coletivo.
4. O “Tô de olho” é uma página no Facebook onde seus editores publicam matérias relacionadas a fiscalização da coisa pública. Quando você fez parte, qual (is) o (s) critério para seleção das matérias?
Eu não fiz parte da fundação do grupo, cheguei a coisa já estava funcionando, as postagens não passavam por uma seleção, dependia do problema que aparecia e quanto esse problema afetava a vida das pessoas, mas estávamos em evolução, várias reuniões aconteceram, inclusive chegamos a criar uma comissão para virarmos uma associação e ter mais peso em nossas ações, mas infelizmente não progrediu, o grupo foi descontinuado e depois formamos o “Cabacinha é Nossa” e na sequência o “Ação Participativa”.
5. Segundo você citou, o “Ação Participativa” foi a porta de entrada para a política partidária. Quais os desafios para os novos partidários em um “sistema político” desacreditado pela população, por conta de inúmeros casos e denúncias de corrupção?
O desafio é fazer com que as pessoas tenham vontade de querer fazer parte, e nesse contexto não podemos colocá-las apenas como vítimas, algumas vezes elas são cúmplices dos desmandos praticados por políticos corruptos.
O Ação Participativa surgiu como uma forma de participar da vida política do município sem envolvimento partidário, e foi muito produtivo, ainda conseguimos alterar a lei orgânica do município que antes não permitia projetos de lei de iniciativa popular.
6. O seu ingresso na política foi já na oposição. Qual a sua avaliação sobre a gestão atual nos quesitos: educação, saúde, assistência social e geração de emprego e renda?
A gestão atual é uma sucessão de erros, e o fato de não fazer parte dela não quer dizer que não diria caso houvesse acertos, mas não existem projetos políticos que beneficiem a população, existe sim um projeto de perpetuação no poder. Sem querer traçar uma opinião pessimista, não vejo progresso em nenhuma das áreas que foram citadas acima, algo que salte aos olhos.
7. Sobre a questão cultural. Existe uma gestão de cultura que de fato valoriza as tradições municipais ou apenas dá manutenção nas “festas” do povo?
Ainda não tivemos uma secretaria de cultura, temos uma secretaria para organizar festas, a questão cultural está muito distante da visão deles, muita coisa precisa ser revista, a exemplo do nosso festival de artes e o festival de poesia, ambos estão defasados, precisamos parar de criar coisas para inglês ver, as ações precisam ser voltadas para a melhoria e valorização das nossas manifestações, do que adianta dizer que somos celeiro da cultura, se as nossas tradições são lembradas apenas em um período do ano?
8. Em eleições municipais, principalmente em cidades do interior, há uma polêmica sobre o uso do poder econômico para influenciar no voto. Você concorda?
Infelizmente concordo, pois realmente existe e já estamos vivenciando esse momento, mas aos poucos a população está criando consciência, e temos exemplos de pessoas que abusaram do poder econômico e não obtiveram êxito.
9. A fiscalização do uso dos recursos públicos tem sido uma espinha de garganta para a maioria dos políticos. Qual a sua opinião sobre a receptividade dos políticos e dos cidadãos em relação à divulgação dos documentos sobre o uso dos recursos públicos?
A receptividade negativa dos políticos com relação a divulgação desse documentos já é esperada, principalmente aqueles que não presam pelas boas práticas, mas soa mais frustrante quanto a receptividade dos cidadãos, pois estes deveriam abraçar a causa, se indignar, mas a grande maioria não buscam essas informações, e quando estas chegam até eles, não causam o impacto que deveria causar.
10. Como se deu a formação do grupo do Cidadania, partido que você preside em Japaratuba?
Nós éramos da REDE, mas o partido não conseguiu atingir a cláusula de desempenho, surgiu a ideia da fusão da REDE com o antigo PPS, hoje Cidadania, mas no final não deu certo essa fusão e a maioria das pessoas que eram da REDE aqui no estado, migraram pra o Cidadania, daí acabamos indo também, mas, no nosso caso, demorou mais que a ida dos outros. Eu me tornei presidente por necessidade, pois o nosso grupo sempre foi pequeno, daí tinha que ser nós mesmo. Eu não gosto dessas formalidades que são atribuídas aos presidentes (risos).
11. Você é pré-candidato a vereador pelo Cidadania e esse partido tem incomodado muito os correligionários da situação, principalmente, nas redes sociais. Quais as novidades do novo grupo político e as perspectivas de mudança com uma possível eleição sua?
As novidades começam com a coesão que existe no grupo, não estamos candidatos para vencer a eleição a qualquer custo, a nós pouco importa quem seja o eleito, por isso em nossas falas não temos problemas em citar o nome do outro candidato e exaltar as suas qualidades e o aprendizado que vivenciamos com o outro no dia a dia, até porque o nosso projeto não é momentâneo, ele é bem maior, a nossa ideia é trazer mais pessoas, e pessoas de boa índole e mudar a cara da política oligárquica que existe aqui.
Quanto a uma possível eleição minha, farei aquilo que falta em nosso legislativo: ser um agente fiscalizador, sei que vão dizer que uma andorinha só não faz verão, mas faz barulho.
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