No geral, barganha é o ato de trocar, de forma fraudulenta ou não, um objeto por outro, o que na política tem um tom comercial, sendo que essa troca se dá pela negociação de "vantagens" pessoais e no âmbito da publicidade, o que proporciona a chamada ascensão sócio-política.
A discussão sobre a prática ser legal, porém imoral, é uma longa luta contra a cultura do "jeitinho" brasileiro. A famosa "malandragem"!
O grande problema é que a sociedade acabou absorvendo a barganha como algo natural e necessário para um político ser eleito. A crença de que o período eleitoral é a hora de "lavar a jega", deixando-se iludir pelo imediatismo e entregar seu futuro ao acaso.
Muitos eleitores já até calculam o custo de uma campanha para se obter os votos proporcionais para vereador e, para o majoritário.
A barganha política acaba gerando, principalmente no âmbito municipal, o clientelismo que é quando a prática de distribuir empregos, favores e outros benefícios aos seguidores em troca de apoio político gera o "idolatrismo" ou o "babismo", pelo menos enquanto é beneficiado.
O clientelismo é uma forma do político se perpetuar no poder através do benefício aos seus grupos de sustentação, ou seja, aqueles que vendem seu voto para obter favores com uso da máquina pública. As palavras-chaves são recompensa,
competência e fidelidade, ou o famoso rabo-preso.
A prática da Barganha tem dois momentos: antes e durante o mandato do político eleito e aqui nesse texto, iremos tomar como exemplo Japaratuba. Tentaremos responder a algumas perguntas:
Como se dá a barganha no processo eleitoral, sem o uso imediato da máquina pública?
Os candidatos que usam dessa prática, investem no "povo" como um economista investe na bolsa. Ou seja, o resultado não será a justiça social e sim o lucro ou benefício particular do político. Para isso, prometem o que não podem cumprir e compram votos com dinheiro (geralmente financiado ou apadrinhado) e outros bens materiais.
Supõem-se que os custos ou despesas de campanha serão ressarcidos ou compensados com os "acórdãos", negociatas e outros esquemas do chamado "toma lá dá cá" quando o político chegar ao poder.
A barganha no processo eleitoral com o uso da máquina pública?
O uso da máquina pública influencia as massas, em sua maioria, através da demonstração do poder econômico como o uso do dinheiro público - principalmente, as campanhas ostensivas com caro de som e "entregadores de santinho". O político com mandato consegue manobrar o sistema para adequar aos seus interesses, a chamada arrumação de casa, geralmente, é um aparelhamento administrativo da máquina pública.
Muitos jovens encaram a entrega de santinhos como um primeiro emprego e acabam por credenciar o candidato como dono de "serviço prestado" em detrimento dos candidatos que só apresentam propostas e se opõem às práticas obsoletas da velha política.
Por isso, no processo eleitoral, a depender do nível de desinformação do povo e da popularidade do candidato, a máquina pública é usada para "beneficiar" e a reeleição é a promessa de continuidade desse "beneficiamento".
Como funciona a barganha durante o mandato eletivo?
Para os não eleitos, vem a distribuição de "retribuições" com cargos e contratos. E caso alguém fique insatisfeito vem o "rompimento" com as críticas e em seguida o retorno para os braços da situação. Essa é a prática mais comum para os que tem como meta o pessoal em detrimento do coletivo. Com certeza o leitor já fez a lista de "cidadãos" que antes reclamavam e agora elogiam determinado gestor.
Afinal, por que a barganha é prejudicial para a sociedade?
Primeiro, porque exclui os mais carentes da distribuição de renda, aumentando a pobreza e a desigualdade social. O dinheiro que seria investido em educação, saúde e saneamento básico passa a ser usado como pagamento dos acordos e apoios políticos em troca de votos.
Segundo, porque considera apenas os "líderes" de partidos ou grupos formando um "círculo de vantagens", apassivando as massas que seguem ou apoiam determinado "agrupamento" político.
Em linguagem clara, a barganha serve para "conquistar votos" através da troca de favores ou vantagens dentro do uso e abuso da máquina pública.
Quais os principais objeto de troca?
A curto prazo:
Pagamento ou "doação" de
1. Materiais de construção;
2. Exames e cirurgias;
3. Receitas médicas;
4. Dinheiro.
A longo prazo:
1. Cargos;
2. Contratos;
3. Locações.
4. Etc.
Qual a propaganda dos adeptos à barganha para os que se opõem à tal prática? Dizem que é inveja! Mas, é fácil dizer isso com que se transforma em mercadoria e se põe a venda. Mas, quando a história é com quem tem caráter e não se vende, a coisa muda de figura.
Comentem, elogiem, azedem!
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