sábado, 10 de outubro de 2020

ENTREVISTA: Professora Anjinha fala sobre a esquerda e o apoio ao Cidadania

Foto: perfil nas redes sociais

Ângela Maria Silva, ou simplesmente Anjinha, nasceu em Japaratuba, aos 13 anos migrou para São Paulo em busca de trabalho. Morou 5 anos em Mossoró/RN, onde cursou a graduação em Matemática, em 2003 retornou para Japaratuba, em 2004 ingressou via concurso público  nas redes municipal e estadual de ensino e em 2008 iniciou sua participação na politica local.

Professora e militante política, Anjinha é a quarta entrevistada do blog, Confira as 10 principais perguntas dessa conversa.

Entrevista

1. Como professora e política de destaque em Japaratuba, qual o diagnóstico atual da educação em nosso município? O que está dando certo e o que precisa melhorar?

Política de destaque é bondade sua, sou apenas mais uma sonhadora que acredita em dias melhores e em uma política pautada na honestidade! Como disse Darcy Ribeiro, "A crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto". É triste, mas, essa frase continua atual e em nosso município não é diferente. Enquanto o verdadeiro dono da escola pública, que é o povo, não se apropriar dela, valorizando-a, participando ativamente, cumprindo os seus deveres e exigindo os seus direitos, os avanços continuarão a passos lentos. Por aqui ainda precisamos de melhores estruturas físicas, mais valorização dos profissionais da educação, ampliar o tempo de permanência e diversificar o ensino conforme está previsto nos planos nacional e municipal de educação, por outro lado temos um bom quadro de profissionais que apesar das dificuldades vem conseguindo melhorar os índices de desempenho nas avaliações externas!

2. Você já foi aliada da atual gestão. De que forma o rompimento abriu caminhos para a mudança no cenário político em Japaratuba?

Não sei  se consegui influenciar alguém  com a  minha saída de um grupo tradicional para  uma terceira via e não para a oposição habitual, mas, além da minha insatisfação com a forma tradicional de fazer política do grupo que  fazia parte, despertar esse desejo de mudança em outras pessoas também foi uma motivação para minha decisão! Eu  fui influenciada pelos companheiros do PSOL que tiveram essa iniciativa antes de mim e espero que tenha influenciado alguém. A  tarefa é  árdua mas não impossível! A semente  foi plantada  e os frutos começam a  aparecer. No pleito desse ano já surgiu o CIDADANIA e certamente outros virão,  como costuma dizer a minha mãe,  devagar também se chega longe! 

3. Sobre a ida para o PSOL, a que a senhora atribui a falta de adesão da população aos partidos de extrema esquerda e as chamadas terceiras vias?

Então, como disse, mudar o cenário político do nosso município não é  uma  tarefa fácil. Somos herdeiros de séculos de dominação, e algumas práticas já estão enraizadas, o município não se desenvolveu o suficiente para proporcionar independência financeira à maioria da população e esse é, sem dúvida, o  fator que mais  contribui para que o poder econômico continue dominando a politica local. Só a educação pode transformar essa cultura! 

4. Nas redes sociais há uma grande movimentação de debates e apresentação de temas relativos à fiscalização dos gastos públicos. A população demonstra mais sede de justiça e luta contra a corrupção?

Sim, acredito que aos poucos, as  pessoas vêm se conscientizando de que  a corrupção é o grande  mal que precisa  ser combatido e as redes sociais sem dúvida têm  desempenhado  um importante  papel nessa mudança  de comportamento!

5. Qual foi a diferença das suas candidaturas a vereadora pela direita e pela esquerda? Houve influência do poder econômico no sentido de inviabilizar um possível mandato da esquerda?

Com certeza, ser candidato em um grupo consolidado e economicamente forte faz diferença. A diferença apareceu nos votos rsrs. Infelizmente a maioria dos eleitores não são criteriosos na escolha  dos vereadores, muitos  são influenciados pela escolha do cargo majoritário, até porque existem muitos equívocos por parte do eleitor quanto à verdadeira função de um vereador! 

6. Sobre sua gestão como diretora do Colégio Rabelo Leite, quais os problemas enfrentados, as vitórias alcançadas e o quais as melhorias que precisam ser feitas atualmente?

Os maiores problemas foram os entraves causados pela dependência politica, uma vez que o cargo em nosso município é de livre nomeação do gestor, mas, para mim foi uma experiência gratificante, pois,  conseguimos organizar a escola, unir a equipe, avançamos no IDEB, mas, considero que o nosso maior feito foi conseguir envolver a comunidade e despertar nesta o sentimento  de pertencimento, amenizando assim o preconceito histórico que a escola sofria! Atualmente a  aparência física teve uma melhorada, a quadra foi coberta, mas, infelizmente alguns velhos problemas, como a climatização das salas não foram sanados, este inclusive foi agravado por uma escolha mal feita pela atual gestão que decidiu substituir janelas por cobrogós com minúsculos orifícios, aumentando ainda mais a temperatura das salas! 

7. Em relação ao Controle Social, a gestão atual tem sido receptiva sobre o acesso a documentos e ações que são de competência do conselho em que a senhora atua?

Infelizmente na gestão atual,  o conselho do qual faço parte há 7 anos, o conselho de alimentação escolar (CAE), não tem atuado como deveria. Desde o início da gestão o conselho já teve várias formações e não vejo por parte da gestão muito interesse no bom funcionamento do mesmo! 

8. Sobre os parlamentares do nosso município, há uma representação apenas de direito e não de fato? Os vereadores estão cumprindo seu papel?

Ainda precisamos melhorar muito nesse aspecto. Geralmente só atuam de fato quando  estão na oposição e ainda de forma pouco efetiva! 

9. Sobre o apoio do PSOL ao PT em Japaratuba, qual a proposta de mudança para Japaratuba e a reafirmação dos ideais da esquerda numa possível nova administração?

Nesse pleito, por causa da pandemia, não estou participando como militante política, apenas como eleitora, mas, historicamente os ideais de sociedade do PT e do PSOL sempre foram parecidos, e a união é justamente com o objetivo de fortalecer a esquerda e a esperança é consolidar um governo democrático que seja capaz de atender os principais anseios da população! 

10. Esse ano a senhora não lançou pré-candidatura, mas, demonstra sua liderança política através da defesa da esquerda em Japaratuba. Por que não lançou candidatura e qual a mensagem sobre o apoio ao grupo do Cidadania?

A decisão de não lançar  meu nome nesse pleito foi motivada pela pandemia. Sou do grupo de risco, por isso preferi me resguardar!  Ainda adolescente me interessei pela política porque é ela quem pode promover transformações em nossas vidas, assim, mesmo não sendo candidata, acho importante continuar engajada na luta e vejo no pessoal do CIDADANIA o broto da semente que fora lançada lá atrás por pessoas abnegadas como seu Gilberto que também foi para mim uma inspiração  e a mensagem que deixo para  eles, é  que sigam em frente de cabeça erguida pois aqueles que têm  coragem de correr atrás dos seus sonhos  já são  vencedores!  


Leiam e comentem. 

Um comentário:

  1. Acredito na mudança de comportamento do eleitorado brasileiro, entretanto entendo que possuímos raízes históricas profundas e só a educação pode mudar o uso consciente do voto.

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