Em Japaratuba, o nome Celeiro da Cultura Sergipana não consegue se sobrepor à agitação político-partidária em torno de quem acessará o comando do município à partir de 2025. Conseguirá a atual gestão eleger seu sucessor ou a "principal oposição" dita herdeira política do saudoso Pe. Geraldo voltará à Prefeitura?
Desde 2023 que a situação "liberou" um nome para brilhar e se posicionar como favorito à sucessão, escolhendo o atual Secretário de Obras, Décio Neto. Já as oposições começaram a se aglutinarem e fortalecerem sua principal liderança: Sizi da Saúde. Em 2020, apesar das 2.428 abstenções, o principal grupo oposicionista obteve 4.702 votos (42,79% dos votos válidos) na chapa encabeçada por Rui Brandão.
Já a atual prefeita foi reeleita com 6.141 votos, demonstrando grande força política, apesar de ser reincidentes em problemas estruturais na Saúde e na Educação, pois, não podemos esquecer o fechamento do Plantão Médico Noturno por mais de uma vez e os sucessivos cortes do Transporte Universitário, o desabamento do telhado de uma unidade escolar, os atos de Julho de 2022 onde foram expostos contracheques de professores da rede municipal de ensino, a questão da antiga barragem, e os famosos "cortes" de salários com "rodízios" de servidores. Tudo fatos notórios na cidade.
O fato é que a estética do centro da cidade impressionou de tal forma que a população esqueceu que Japaratuba não tem fontes de emprego e renda, não tem Plano Diretor, nem políticas culturais regulamentadas, nem a Lei da Autonomia da Educação está sendo cumprida. Isso sem falar no alinhamento com o governo de extrema direita do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Enfim, despontam para o pleito desse ano, para o majoritário:
Sizi da Saúde - Traz na bagagem os mandatos como vereadora, o cargo que exerceu nas gestões do saudoso Pe. Geraldo (Secretária de Saúde) e o grande carisma e bom relacionamento com a população japaratubense. Como vice, terá Rui Brandão que traz consigo também um bom histórico político que o credenciou em outros pleitos e agora formará a chapa da principal oposição.
Décio Neto - Atual Secretário de Obras de Japaratubas, passou a ter visibilidade quando surgiram as especulações sobre a sucessão do grupo liderado pela atual prefeita ( e/ou pelo seu marido). Até então, não tinha passado político em Japaratuba e nem legado algum de "serviços prestados". Seu vice será o ex-prefeito Hélio Sobral, atual vice-prefeito.
As voltas e reviravoltas da política-partidária mostram um cenário "paradoxal" e ao mesmo tempo "normal". Em 2016, tivemos Sukita em segundo lugar na votação. Em 2020, o ex-prefeito Hélio Sobral, cuja administração foi reincidente no atraso de pagamento de salários, retornou ao poder como vice da seu antiga adversária. E agora, em 2024 mais um "fosrasteiro" assim como foi a atual prefeita há vinte anos atrás.
Apesar disso, esse pleito eleitoral promente surpresas e muitos outros desdobraamentos. Sizi da Sáude vem com todo o histórico das gestões de esquerda e promessa de mudanças em resposta ao modus operandi da gestão atual. Do outro lado, Lara Moura usará de toda a sua liderança política para transferir seus votos para seu pretendente a sucessor.
Apesar das críticas à sua gestão e dos problemas estruturais encontrados na cidade, é notório o carisma da atual prefeita.
Muito se fala em projeto, mas, até agora em que a população realmente está de olho são nas alianças. Por exemplo, saíram do projeto opositor nomes famosos como Albert e Albertino Moura, Manuel Pedreiro, entre outros. E, na berlinda, encontra-se Valdir Neguinho, que se auto declarou pré-candidato a prefeito, contrariando até então a escolha do seu agrupamento. Houve um rompimento de direito, mas, de fato ainda não houve uma definição sobre a sua candidatura ser uma terceira opção (não confundir com terceira via).
Avaliação
Situação - É normal que os apoiadores e simpatizantes da gestão fiquem chateados com as críticas e reclamações em redes sociais. A repercussão é tão grande que preferem chamar de "esculhambação", mas, a verdade é que na cabeça de fanáticos, criticar é dizer que a gestão está um caos. E tentam justificar e/ou explicar falando das obras e da estética da cidade. Mas, se pegar o
Manual do Prefeito verão que o gestor público está deixando a desejar e muito na prestação de serviços à população.
Então, sobre a situação, a nossa avaliação é "ruim". O IBAM diz que "Ao Município foi atribuída competência para legislar sobre assuntos de interesse local, para
suplementar a legislação federal e estadual no que couber e a competência dita comum,
exercida pelos diversos entes federativos, representada por longo rol de temas que devem ser
objeto de ação por essas esferas." E nesse aspecto peca o poder executivo e, principalmente, o poder legislativo. Não temos legisladores e as leis existentes são escolhidas quais convém obedecer.
Não há uma relação democrática e sim um network de apoiadores. As pessoas escolhidas para representar o povo numa determinada demanda ou colegiado são geralmente aliados da gestão. Então, esse modelo é antidemocrático. É preciso abertura para a participação da sociedade.
Oposição - Se fala em "oposição", mas, atualmente, querem resumir a oposição a unicamente o grupo do PT ou dos simpatizantes da ideologia política do saudoso Padre Geraldo. Mas, a verdade é que temos várias oposições. Aqui, vamos falar da principal oposição, hoje encabeçada por Sizi da Saúde.
Primeiro, trata-se de uma oposição que não se opõe. O poder legislativo não consegue esclarecer as falhas da atual gestão, nem fazer frente ao seu modus operandi. Não há movimentos, nem mobilizações sociais em torno dos problemas estruturais citados anteriormente que causaram e estão causando sofrimento ao cidadão japaratubense.
Não existe uma agenda de ações que despertem a coletividade a fiscalizar. E, nesse momento, não importa dizer que se os simpatizantes da oposição se, por ventura, tornarem-se situação irão deixar de exercer o controle social. Cabe a nova oposição reagir e agir como tal.
Mesmo assim, esse grupo oposicionista em questão é o único capaz de enfrentar o candidato da situação e saborear uma possível vitória nas urnas, dada a legitimidade do grupo em ser histórico e politicamente japaratubenses puro sangue.
Conclusão
Apesar da força política da atual gestora, é inegável a popularidade e notoriedade do grupo de oposição. Ainda diz o IBAM: "O Município é importante propulsor da economia, visto que lhe cabe promover o desenvolvimento
local e o fomento econômico, e, para isso, deve ter o princípio da eficiência como um de
seus lemas." Com base no princípio da eficiência, economicamente, Japaratuba só tem valores exorbitantes na arrecadação, mas, na qualidade de vida de seus munícipes, não. Temos um longo caminho a percorrer para alcançar esse "desenvolvimento local"e 2024 é uma oportunidade de ouro para a mudança e construção de um projeto popular.
E ai, vamos futucar?