segunda-feira, 20 de março de 2023

16 ANOS SEM MARIA DE SOUZA CAMPOS (DONA)

Em 20 de Março de 2007, Japaratuba se despedia daquela que dedicou sua vida a educação. Dona do Maracatu, Dona do Grupo de Dona, que as mães diziam: "...do portão pra fora (da escola) eu sou a mãe, do portão pra dentro a mãe é a senhora...!" E assim, surgia uma geração típica de jovens que se formaram sobre a lei do "bendito, pirão e sola".

Além de cantar os hinos da igreja e passar lições sobre educação cívica, ensinava os hinos de Japaratuba, da bandeira e o nacional. Sempre tinha ações de manutenção da saúde como o popular "bochecho" que servia para fortalecer os dentes. 

Dona também foi ativa no incentivo à inclusão religiosa com a participação efetiva da escola nas atividades religiosas da paróquia da cidade. E sempre valorizou o desfile cívico como forma de demonstração do amor à patria e a educação.

Maria de Souza Campos, mais conhecida como Dona,  nasceu em 3 de julho de 1919, no município de Capela, localizado na área do Agreste Sergipano, microrregião do Cotinguiba, cuja principal fonte econômica era o cultivo da cana. Filha do pedreiro Aurélio de Souza Campos e da bordadeira Maria José de Souza Campos, família simples e humilde. Dessa forma matriculou a filha no Grupo Escolar Coelho e Campos, um dos primeiros a ser instalado no interior sergipano.

A vinda de Dona para Japaratuba foi devido o medo das críticas, pois, um dia conheceu um jovem de nome Francisco, o popular Franco, por quem se apaixonou, sendo que em uma festa, quando estava distraída, ele lhe roubou um beijo, coisa muito séria na época. Por isso fugiu para Japaratuba, onde se casou e foi morar na Fazenda Camarões, enfrentando várias dificuldades para sobrevivência e dedicando-se a várias atividades: plantio na roça, ordenha, corte de capim, lavagem e colocação de goma em roupas de famílias, aceitando sem vaidade qualquer tipo de trabalho.

Além de atuar no magistério, Dona se revelou uma ativista social e cultural, chegando a ensinar às mulheres bordados e costuras e, contribuiu para o incentivo à criação e apresentação de grupos folclóricos. O mais famoso é o Maracatu.

Fonte: Acervo pessoal da professora/Autoria desconhecida

Somente em 2006, foi que a Escola Municipal Marechal Ademar de Queiroz  recebeu o nome de Escola Municipal “Professora Maria de Souza Campos”, como forma de reconhecimento e merecida homenagem a professora e primeira diretora, profissional que dedicou sua vida à educação do povo e cultivo das manifestções culturais. Naquele ano, a escola passou por um processo de reforma e ampliação para melhor atender a clientela escolar e os desafios que se faz a um ensino de qualidade.

No mês seguinte ao falecimento de Dona, na 11ª edição do Festival de Poesia Falada, foi dado ao prêmio o nome da professora como forma de homenagem. Recentemente, em 2019, no ano em que Dona completou 100 anos, com a instalação da Academia de Letras, Artes e Ciências, a mesma adotou o título de "Casa de Dona", como reconhecimento ao seu trabalho em diversos setores da vida intelectual e cultural de Japaratuba.

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