Morre poeta e ator sergipano Ivilmar Gonçalves
Além de poeta ele era ator, escritor e professor na rede municipal de ensino.
Ele estava internado no Hospital de Urgência desde o domingo 17.
24/06/2012 15h29
- Atualizado em
25/06/2012 12h11
Segundo amigos da família, ele teve fraturas na bacia e fêmur e acabou
não resistindo aos ferimentos. Familiares aguardaram a liberação do
corpo no Instituto Médico Legal de Aracaju, para realização do velório do Teatro Atheneu, na capital sergipana. De lá o corpo segue para Lagarto, a 75Km de Aracaju, cidade natal do poeta, onde um outro velório deve acontecer antes do sepultamento.
Fonte: G1
SOBRE IVILMAR GONÇALVES
A cultura lagartense perdeu na manhã deste domingo um grande talento. Ivilmar Gonçalves, natural da cidade de Itaporanga, mas como mesmo dizia "lagartense de alma", acabou morrendo no hospital em que estava internado, desde o último dia 17, quando sofreu um acidente na BR-101. Ele acabou perdendo o controle da sua moto e foi parar debaixo de uma carreta, nas proximidades da sua cidade natal. O poeta logo foi encaminhado ao Hospital de Urgências de Sergipe, com vários ferimentos.
O artista passou a semana no hospital e todos estavam otimistas quanto à sua melhora. Infelizmente, o quadro clínico se agravou nos últimos três dias e o jovem talento acabou dando o último suspiro.
Ivilmar Gonçalves era um dos fundadores da Cia de Teatro Cobras & Lagartos, companhia famosa em Sergipe e ganhadora de vários prêmios culturais.
O jovem, de apenas 29 anos, já havia participado de filmes nacionais e também de comerciais.
Ivilmar, o poeta de alma lagartense
Fonte: http://lagartense.com.br/9098/ivilmar-o-poeta-de-alma-lagartense
Quando Ivilmar despontou para o
mundo das artes e empreendeu seus primeiros trabalhos, deixou evidente a
existência de uma força que o motiva sempre a ir além, onde ele vai
chegar? Só o tempo será capaz de responder. Por hora apontamos
fragmentos do teu trabalho até aqui.
BIOGRAFIA
Nascido em 05 de junho de 1983. Lagartense, com certeza. Mora nesta
cidade desde os três anos de idade, vindo de Itaporanga D'Ajuda.
Orgulha-se de ser conterrâneo de gente como Silvio Romero e Assuero
Cardoso. Começou a escrever poemas ainda no Ensino Médio (1999 a 2001),
no Colégio Abelardo Romero Dantas - o popular Polivalente, onde tomou
gosto pelos concursos literários do gênero. Daquela época, conquistou o
prêmio de Melhor Poesia, com o texto "Deus Doente", no VII Concurso
Estudantil de Poesia Falada de Lagarto e Região, sendo agraciado também
como Melhor Intérprete.
De lá, dividiu sua produção literária entre a Poesia e o Teatro -
paixão que, mais tarde (em 2003), levou-o, juntamente com outros jovens
lagartenses, a fundar a Companhia de Teatro Cobras e Lagartos, em
atividade até os dias de hoje. São de sua autoria os textos teatrais "A
peleja de Valentin contra a Morte pelo Amor de Manuela" e "Estudos sobre
a Vingança", montados por esse grupo. Escreveu também, em 2008, o texto
comemorativo do SESC, pelos 60 anos dessa instituição em Sergipe.
Participou dos mais tradicionais concursos de poesia da região, conquistando diversos prêmios, entre os quais destacam-se:
- 1º Lugar no Concurso de Poesia Falada de Penedo - AL (2004);
- 1º Lugar no X Concurso de Poesia Falada de Japaratuba (2006);
- 1º Lugar no XXIV Festival de Poesia Falada de Estância (2006);
- Selecionado no Prêmio Banese de Literatura, com o poema "O Mar e o Rochedo (2006);
- 2º Lugar no Concurso de Poesia Falada de Propriá (2012).
Publicou, em 2012, seu primeiro livro, "Caderno de Exercícios", por meio do Prêmio Santo Souza de Poesia, da SECULT - Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe, em parceria com a Segrase. É formado em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acarau - UVA, Polo de Lagarto, e Pós-Graduado em Psicopedagogia Institucional. Divide seu tempo entre o magistério e a produção cultural em Sergipe, com atenção à Literatura e ao Teatro. Exerce também a profissão de Ator. Tem se dedicado, recentemente, ao cinema e ao mercado de vídeo, participando das últimas produções instaladas em Sergipe, como os longas "O Sr. do Labirinto" (2011) e "Aos ventos que virão" - este ainda em finalização. Para ele, "ninguém está imune à arte, a boca mais fria ou o olho mais errante... Ninguém".
Selecionamos dois poemas que não dizem tudo, mas ilustram um pouco de sua obra.
A Moça e o Tempo
Debruçada na janela
Uma moça espera seu noivo chegar
Enquanto o noivo não chega
A moça, distraída, vê o tempo passar.
O relógio na parede: tic, tac, tic, tac...
O noivo chega
A moça casa
Nasce o filho
Batizado, domingo
Retrato de família.
O coração no peito: tic, tac, tic, tac...
É o aluguel da casa
É a prestação da TV
É a conta na farmácia
É a licença para viver
É o pão nosso de cada dia
E o pão que o diabo amassou
É o deboche da vizinha
E a carne que aumentou.
E o jantar atrasa
E o amor estraga
E os lábios secam
E os seios se deprimem
Brotam as rugas
E as olheiras são permanentes
Pesam as dores nas costas
E cai a certeza dos dentes.
É reumatismo
Celulite
Ataque cardíaco
E gripe.
E o marido cai doente
E a aliança enferruja
E o neto reprova
É a cadeira de balanço
E a cadeira de rodas
É o vestido desbotado
E o vai-e-vem das horas
É o medo de falar
E o silêncio de existir
- Ai, meu Deus, é tanta coisa!
Desabafa a pobre senhora.
...
Debruçada na janela
Uma velha espera sua morte chegar
Enquanto a morte não chega
A velha, distraída, vê o tempo passar...
Lagarteiros
(...)
Vaidosa
Não perde uma moda
Faz graça!
Essa gente bonita
Fugindo da chuva
Para não desfazer o penteado.
É dia de comício
Tem festa no bairro
Lagarto dança
Com a música alta
E os desaforos políticos.
Mas tropeça, desajeitada
No calçamento
E na própria língua
Bifurcada.
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