CANTO II
Da condição Feminina
Tão importante para o homem
Este ser vivo, instinto animal
Na lei da selva, do macho.
É a mulher que de sorte
Confunde-se em sua identidade
Por causa do macho mais forte.
A mulher companheira, parceira
Ligada à carne e não ao ideal,
A mãe, tão sagrada da lei
Que se ama dá a vida;
Isso eu bem sei.
Fora a isso o mais que conheço
A prostituta, a interesseira, a devassa,
Mulher da vida ou em desgraça
Adúltera, inconsequente e vil,
Amantes crônicas do sexo servil
Que por muitos desprezadas
Outras, por natureza cortejadas
Tão intensas no nosso Brasil.
A mulher terna e doce
Que é como se fosse
A mulher perfeita e ideal
Virgem e cheia de ternura
Livre do excesso carnal,
Está guardada no inconsciente
E por ela o homem inteligente
Chora, geme sem sentir dor
Mas, a receita está no amor
E não no sexo, nem na aventura
Como uma seda fina é a mulher
Tão alva que qualquer coisa mancha
Terrivelmente em nossa cultura.
Mas, se no plano de Deus,
Que talvez o homem foge
Dando-se à fama de garanhão
Se a mulher sai do seu lugar
Que é feito para a recepção
Quem sabe nada fosse piorar
Ou que perdoasse o erro
Sem entregá-la ao desprezo
Da sua vil decisão
O mundo fosse uma família
Onde reinasse o amor eterno
Não esse que visa o leito
Mas, o verdadeiro, natural e fraterno.