sábado, 20 de junho de 2020

OLHANDO NA FECHADURA: Os Filmes Pornôs (crônica).




OS FILMES PORNÔS



Ora, bem nos primórdios da era digital, mesmo assim ainda havia as fitas cassetes, chegou certo colega de infância de Kevin com uma novidade, um DVD Player e mais de vinte filmes de sexo.

Reunira-se numa casa velha, afastada das outras uns cinquenta metros e reviraram as noites para dar conta de assistir a novidade recém-chegada de São Paulo. E aglomeram-se todo o bairro.

E a casa era de taipa ou pau-a-pique como queiram chamar e tinham buracos nas paredes. E por ser o mais velho, o rapaz proibiu qualquer safadeza entre os espectadores.

Porém, a novidade começou a excitar os jovens de tal modo que arrodeavam a casa a espiar o filme pelos buracos e aproveitar o escuro para se masturbarem.

E então, sempre após os primeiros trinta minutos de filmes começavam uma masturbação em massa, onde alguns casais se ausentavam para transar entre as plantas e bananeiras que existiam por ali.

Para aliviar as tensões, sugeriram que alternassem filmes de ação ou comédia romântica com os de sexo. O que gerou a adesão de menores e de transeuntes ao redor da casa como se ali fosse um cinema ou uma festividade.

Começaram a levar bebidas, lanches e outras iguarias, o que mais tarde, após quase um mês de filmes, resolveram parar para evitar conflitos com a polícia que começou a fazer bascolejo na localidade.

(F. J. Hora, em A Flor do Maracujá e Outros Contos, página 81.)

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