terça-feira, 5 de julho de 2016

ANÁLISE CRÍTICA: Soneto do Amor Sem Sexo

Francismary_Soneto do Amor Sem Sexo

O Soneto (poema de 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos) do Amor Sem Sexo, ou A Amizade, é um poema decassílabo.

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Primeira estrofe

“Parece coisa até sem total nexo

Os amantes quando sentem paixão

Morrem de medo da tal solidão

Que ficam escravizados no sexo”

O medo do desamparo e da solidão: Uma das causas do casamento, até mesmo precoce, contrariando costumes antigos, é o medo de viver só, adoecer e não ter quem cuide. Ou seja, muitas pessoas procuram companheiros pensando na velhice.

O fato é que há uma contradição: amante = ser que ama. E a paixão é um estado de encantamento transitório desencadeado pelo desejo por algo ou alguém. Mas, por ser uma ilusão, sempre acaba em desengano.

A solidão pode ser o fim de quem ama, mas, não do amor. Então, conclui-se que os apaixonados são escravos do sexo, pois, não encontraram o amor.

 

Segunda Estrofe

“E nesse tema bastante complexo

Fazem da filosofia ilusão

Confundem desejo com sedução

Diferente de côncavo e convexo”

O poeta ou eu-lírico diz que amor é um tema complexo, ou seja, há variações no conceito entre cada pessoa. E a filosofia com que tratam esse sentimento, transforma o desejo em ilusão. As pessoas envolvidas estão cegas e desconexas da realidade. Prendem-se a várias concepções de amor, sendo que o que sente é paixão.

E  a sedução é apenas uma estratégia para buscar o objeto de desejo: a companheira, que pode ser a  mulher amada ou não. E ai, está o x da questão, o que não se completa ou se complementa deixa o vazio na alma, e o ser continuará em constantes buscas.

Portanto, o pensamento ou reflexão sobre o amor estão atrelados aos conceitos da indústria cultural que inserem nas massas o amor como sinônimo de dor, de decepção para que sejam consumidos seus produtos paliativos ou consoladores da condição do solitário e desiludido.

 

Terceira Estrofe

“É preciso amar, mesmo sem desejo

Sem o pecado que a vida carrega

Com o corpo ardente pedindo o beijo”

Amar sem desejo é o clímax do poema, o ponto alto ou elevação do tema. Quando o eu-lírico discorre sobre o amor sem sexo, ele se contrapõe ao desejo do corpo, ora pecaminoso, ora natural.

Quando o ser que ama atinge o estágio de abdicar o desejo pelo corpo ou nunca tê-lo sentido, ai sim manifesta-se o amor puro, espiritual, verdadeiro. Esse é a prova de que não há efemeridade, pois, tudo que vem do corpo é passageiro, ou seja, é mortal.

O verdadeiro amor, a natureza intrínseca de Deus, é um sentimento espiritual.

 

Quarta Estrofe (Chave de Ouro)

“Mas, se por instinto ninguém o nega

Ao sentir no corpo o toque, e, no ensejo,

Como fugir e desistir da entrega?”

A quarta e última estrofe do poema deixa uma indagação, fala do instinto na hora do corpo ser tocado. E ai, o ser que ama, quando sente o toque sexual no seu corpo, geralmente, não resiste e entrega-se.

A entrega do corpo é o que põe em risco o amor sem sexo. E ai surgem vários entendimentos que somente com ajuda de outros conceitos é que podemos resolver esse conflito que o poeta expõe.

Se o corpo de desejo se alia ao espírito de amor, temos uma saída que é o casamento, ou a associação de duas pessoas, homem e mulher, que se amam, mas, também se desejam.

Então, conclui-se que:

Amor sem Sexo = Amizade

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