sexta-feira, 1 de abril de 2016

ENTREVISTA: JOTA ERRE Entre o Romantismo e o Saudosismo

Jota Erre é o nome artístico de José Pereira Rodrigues, poeta contemporâneo. Como ele próprio se autoclassifica sua poesia tende ao romantismo nostálgico. Seu trabalho pôde ser visto em algumas edições do Festival de Poesias Falada de Japaratuba. O editor deste blog teve a ousadia de entrevistá-lo, o que nos recebeu de bom grado e nos honrou com suas palavras.

Poeta JOTA ERRE
ENTREVISTA


F. J. Hora Online (FH): Apesar de Japaratuba ser conhecida como terra da poesia, temos poucas referências em poetas em destaque. O que você considera como importante para que se faça existir de fato uma classe poética?
Jota Erre (JE): Bem. Com pouco contato tive com alguns poetas da localidade para saber deles suas dificuldades, pude constatar que nos falta união e um ponto definido de encontros para congratularmos o fato de sermos esta classe ignorada.

FH: Seu nome artístico é Jota Erre. Qual a origem ou inspiração para esse nome?
JE: Este nome surgiu do meu nome de batismo “José Rodrigues”, então, JOTA ERRE nome das letras iniciais.

FH: Você se considera de qual estilo literário ou linha de pensamento?
JE: Não sou um cara enfático para destacar um estilo como sendo meu carro forte, porém como comecei cedo sendo vítima de relações amorosas, me dediquei ao romantismo nostálgico levado por caminhos do desabafo.

FH: Você tem alguma técnica para escrever seus textos e quando surgiu a poesia em sua vida?


JE: Nenhuma técnica, simplesmente era leitor de romances de cordéis e ficava empolgado com aquilo e comecei; quanto ao surgimento, foi numa aposta com um amigo que me desafiou a fazer uma letra de música, eu não sabia tocar instrumento, transformei-a em poesia

FH: Quais autores consagrados pela crítica considera importante para a difusão da literatura. E a nível local?
JE: Gosto não se discute. Os que gosto, tenho comigo não um ou dois, mas vários os quais li e tenho alguns exemplares. A nível local poucos são aqueles que querem ser reconhecidos com exceção vossa (F. J. Hora) e Gibras. 

FH: Como o senhor ver a realidade da cultura a nível local, estadual e nacional? Pode se dizer que há incentivos à cultura no Brasil?
JE: Minha realidade vista no ângulo cultural fica muito a desejar em todos os níveis. Quem quer trazer seu nome ao apogeu da fama tem que ser de maneira particular como você (refere-se ao entrevistador), porque os baluartes da literatura vieram de berços de ouro e poucos são na história que vieram dos guetos.

FH: Qual a sua opinião sobre o Festival de Poesias Falada de Japaratuba? De quantas e quais edições o senhor participou?
JE: Olha, eu não considero esse festival como uma apresentação poética, mas um teatro do absurdo porque muitos obscurecidos poetas japaratubenses se isolam por um motivo simples; cenário e figurino, poesia é poesia e não teatro se querem fazer teatro deem outra denominação. Apresentações participadas foram três justamente por esses motivos.

FH: Quais os seus projetos na área literária? Há pretensões de publicar algum trabalho?


JE: Estou constantemente preparando meus trabalhos para uma projeção futura. Pretensões são muitas, mas patrocínio que deveria ser governamental (““) isso é difícil. Como dizia o mestre Chico Anísio no personagem de Alberto Roberto “Eu se fiz por mim próprio”
 
FH: Qual a sua visão sobre a participação do poder público na difusão cultural?
JE: Minhas respostas enfatizam isto; leiam meus textos e verão o que penso do governo em relação à cultura.

FH: Existe algum movimento cultural que considere importante e dê frutos no âmbito artístico e cultural?
JE: No nosso município não, quiçá nas capitais onde as influências são notadas por pessoas de níveis mais adiantados e valorizam o desempenho dos velhos e novos poetas.

FH: O senhor acredita que a situação econômica e política do país são reflexos da falta de investimentos na educação e na cultura, ou são efeitos da luta de classes?


JE: Na situação econômica não. Flávio, a cultura deixa muito a desejar porque não temos família como tínhamos na nossa infância, onde a poesia entra hoje no seio familiar? Se você ama poesia aprendeu depois de crescido e assim vai ser daqui pra frente onde nossos jovens cabulam aulas para perambular pelos becos e vielas.

FH: Como você resume as tendências artísticas contemporâneas. Existe algum movimento artístico que consolide o momento?
JE: Tem alguns se destacando nas páginas da face, outros nos grandes centros metropolitanos.

FH: Em Japaratuba você consegue prever um futuro promissor para novos autores?


JE: Sinceridade? Se tivermos uma personalidade que tome as rédeas da nossa cidade elevando esses três quesitos saúde, segurança e educação em âmbito familiar; talvez tenhamos num breve futuro muitos desses poetas obscuros saindo de dentro dos armários mostrando seus valores.


FH: Dentre as suas obras preferidas, comente a acha mais importante e influente para as novas gerações. Por quê?
JH: Com a globalização invadindo os lares, acho impossível influenciar novos adeptos para tal preferência, eu teria vários autores para cita-los, mas quem os lerá?

FH: Considerando as suas experiências como poeta e ser humano, conte-nos de forma sucinta alguma curiosidade vivenciada na sua vida artística. Como é ser um poeta nos dias atuais em Japaratuba?
JE: Durante muito tempo batendo na mesma tecla “hei de publicar um livro” me fez caminhar por longos anos apresentando em jornais, concursos, saraus, antologias e outros eventos a nunca desistir dos meus propósitos. Estes cansados ombros carregam nas suas envergaduras boas experiências que talvez um dia seja útil a Japaratuba na devida hora e lugar por aqueles que na realidade se comovem, empolgam e solidarizam com nossos desejos.


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