Jota Erre é o nome artístico de José Pereira Rodrigues, poeta contemporâneo. Como ele próprio se autoclassifica sua poesia tende ao romantismo nostálgico. Seu trabalho pôde ser visto em algumas edições do Festival de Poesias Falada de Japaratuba. O editor deste blog teve a ousadia de entrevistá-lo, o que nos recebeu de bom grado e nos honrou com suas palavras.
Poeta JOTA ERRE |
ENTREVISTA
F. J. Hora Online (FH): Apesar
de Japaratuba ser conhecida como terra da poesia, temos poucas referências em
poetas em destaque. O que você considera como importante para que se faça
existir de fato uma classe poética?
Jota Erre (JE): Bem. Com pouco contato tive
com alguns poetas da localidade para saber deles suas dificuldades, pude
constatar que nos falta união e um ponto definido de encontros para
congratularmos o fato de sermos esta classe ignorada.
FH: Seu nome artístico é Jota Erre. Qual a origem ou
inspiração para esse nome?
JE: Este nome surgiu do meu
nome de batismo “José Rodrigues”, então, JOTA ERRE nome das letras iniciais.
FH: Você se
considera de qual estilo literário ou linha de pensamento?
JE: Não sou um cara enfático
para destacar um estilo como sendo meu carro forte, porém como comecei cedo
sendo vítima de relações amorosas, me dediquei ao romantismo nostálgico levado
por caminhos do desabafo.
FH: Você tem alguma
técnica para escrever seus textos e quando surgiu a poesia em sua vida?
JE: Nenhuma
técnica, simplesmente era leitor de romances de cordéis e ficava empolgado com
aquilo e comecei; quanto ao surgimento, foi numa aposta com um amigo que me
desafiou a fazer uma letra de música, eu não sabia tocar instrumento,
transformei-a em poesia
FH: Quais autores consagrados pela crítica considera
importante para a difusão da literatura. E a nível local?
JE: Gosto
não se discute. Os que gosto, tenho comigo não um ou dois, mas vários os quais
li e tenho alguns exemplares. A nível local poucos são aqueles que querem ser
reconhecidos com exceção vossa (F. J. Hora) e Gibras.
FH: Como o senhor ver a realidade da cultura a nível
local, estadual e nacional? Pode se dizer que há incentivos à cultura no
Brasil?
JE: Minha
realidade vista no ângulo cultural fica muito a desejar em todos os níveis. Quem
quer trazer seu nome ao apogeu da fama tem que ser de maneira particular como
você (refere-se ao entrevistador), porque os baluartes da literatura vieram de berços de ouro e poucos são
na história que vieram dos guetos.
FH: Qual a sua opinião sobre o Festival de Poesias
Falada de Japaratuba? De quantas e quais edições o senhor participou?
JE: Olha,
eu não considero esse festival como uma apresentação poética, mas um teatro do
absurdo porque muitos obscurecidos poetas japaratubenses se isolam por um
motivo simples; cenário e figurino, poesia é poesia e não teatro se querem
fazer teatro deem outra denominação. Apresentações participadas foram três
justamente por esses motivos.
FH: Quais os seus
projetos na área literária? Há pretensões de publicar algum trabalho?
JE: Estou
constantemente preparando meus trabalhos para uma projeção futura. Pretensões
são muitas, mas patrocínio que deveria ser governamental (““) isso é difícil.
Como dizia o mestre Chico Anísio no personagem de Alberto Roberto “Eu se fiz
por mim próprio”
FH: Qual a sua visão sobre a participação do poder
público na difusão cultural?
JE: Minhas respostas enfatizam
isto; leiam meus textos e verão o que penso do governo em relação à cultura.
FH: Existe algum movimento cultural que considere
importante e dê frutos no âmbito artístico e cultural?
JE: No
nosso município não, quiçá nas capitais onde as influências são notadas por
pessoas de níveis mais adiantados e valorizam o desempenho dos velhos e novos poetas.
FH: O senhor
acredita que a situação econômica e política do país são reflexos da falta de
investimentos na educação e na cultura, ou são efeitos da luta de classes?
JE: Na
situação econômica não. Flávio, a cultura deixa muito a desejar porque não
temos família como tínhamos na nossa infância, onde a poesia entra hoje no seio
familiar? Se você ama poesia aprendeu depois de crescido e assim vai ser daqui
pra frente onde nossos jovens cabulam aulas para perambular pelos becos e
vielas.
FH: Como você resume as tendências artísticas
contemporâneas. Existe algum movimento artístico que consolide o momento?
JE: Tem
alguns se destacando nas páginas da face, outros nos grandes centros
metropolitanos.
FH: Em Japaratuba
você consegue prever um futuro promissor para novos autores?
JE: Sinceridade?
Se tivermos uma personalidade que tome as rédeas da nossa cidade elevando esses
três quesitos saúde, segurança e educação em âmbito familiar; talvez tenhamos
num breve futuro muitos desses poetas obscuros saindo de dentro dos armários
mostrando seus valores.
FH: Dentre as suas
obras preferidas, comente a acha mais importante e influente para as novas
gerações. Por quê?
JH: Com a
globalização invadindo os lares, acho impossível influenciar novos adeptos para
tal preferência, eu teria vários autores para cita-los, mas quem os lerá?
FH: Considerando as suas experiências como poeta e
ser humano, conte-nos de forma sucinta alguma curiosidade vivenciada na sua
vida artística. Como é ser um poeta nos dias atuais em Japaratuba?
JE: Durante muito tempo batendo
na mesma tecla “hei de publicar um livro” me fez caminhar por longos anos
apresentando em jornais, concursos, saraus, antologias e outros eventos a nunca
desistir dos meus propósitos. Estes cansados ombros carregam nas suas
envergaduras boas experiências que talvez um dia seja útil a Japaratuba na
devida hora e lugar por aqueles que na realidade se comovem, empolgam e
solidarizam com nossos desejos.
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