A terceira via no Brasil, apesar de muito discutida, não chegou a uma situação ideal. Inicialmente, projetada com o nome de "social democracia", uma tentativa de, através da política partidária, evitar a revolução socialista promovendo reformas graduais dentro do capitalismo até chegar ao tão sonhado "bem estar social", atualmente, essa vertente política era uma alternativa para a esquerda, mas, acabou se aproximando mais da direita e começou a perder força nos anos 2000.
Mesmo assim, continua viva a ideia de quebra da polarização entre esquerda e direita. No Brasil, assistimos, recentemente, a ascensão da extrema-direita iniciada com o golpe de 2016. De lá para cá o aumento dos pensamentos anti-intelectualistas e antissocialistas vem causando um enorme prejuízo para os brasileiros, não só do ponto de vista econômico, mas, social e humano. E essa situação se agravou com a pandemia do novo corona vírus, desmascarando definitivamente a face genocida do governo de Jair Bolsonaro.
A formação de uma terceira via é um pensamento que deve ser amadurecido com as classes populares, com artistas e pessoas ligadas ao desenvolvimento sustentável, um projeto sociocultural que consiga derrubar o clientelismo e a barganha política, principais agravantes da política ineficiente e ineficaz e do assalto aos cofres públicos.
Como fazer isso acontecer, diante de uma elite que se instalou e aparelhou o poder público durante séculos para atender somente seus interesses políticos e particulares? Pessoas que se calam e fecham os olhos para os erros, crimes e arbitrariedades dos seus governantes para obterem favores, vantagens e outros benefícios socioeconômicos oferecidos pelo Estado, acabam sustentando os maus políticos e seus "grupos" no poder.
Como fazer as classes menos favorecidas acreditarem no projeto social e não meramente em um "líder"? Geralmente, o que encanta os olhos dessas classes é o poder econômico diante da condição de opressão, pobreza e até mesmo miséria. E atualmente, há todo um aparato midiático que "deseduca" a população e acabam por fazer uma verdadeira lavagem cerebral - "deseducar" é uma política pública, por horrível que pareça.
Normalmente, as terceiras vias, são formadas por partidos que se estão no centro do espectro político e se diferenciam da direita tradicional pela importância que dão a necessidade de defesa do meio ambiente, dos setores mais vulneráveis da sociedade, dos direitos trabalhistas e da regulamentação do mercado, mesmo que suas condutas os aproximem muito mais das ideias de direita do que das ideias de esquerda.
Atualmente, estamos divididos entre o antipetismo e o neofascismo (pilares do bolsonarismo), e, o "lulismo" (alcunha do fenômeno político de esquerda gerado pelo ex-presidente Lula) - oposição direta ao bolsonarismo. O primeiro só ascendeu por conta da prisão do seu principal líder oposicionista que mesmo diante das acusações de corrupção, revelou-se um governante com grande eficiência administrativa - um contraste ao desastre político que está sendo o governo de Jair Bolsonaro.
Mas, enfim, qual o caminho das terceiras vias em 2022? Mais uma vez as expectativas de um "novo líder" para o projeto de reconciliação da direita com a esquerda, ou o rompimento total e radical de ambos parece sucumbir aos interesses políticos e particulares dos dois pólos. A extrema-direita que tentou exterminar o PT (expoente da esquerda) pretende continuar o antipetismo, do mesmo jeito, a situação para aqueles que querem a saída de Jair Bolsonaro, sentem a força política de Lula como único capaz de derrotar o atual presidente nas urnas.
E assim, mais uma vez, a terceira via continua sendo uma utopia da esperança. Utopia para os que acham que não tem mais jeito, a política está "perdida", e esperança para os que acreditam que há solução e que a luta é justa e necessária e o melhor, sabem como promover a justiça social, ou seja, não é somente utopia, mas, utopia da esperança - algo que teoricamente é possível, mas que na prática está sendo sabotada pelos "interesses espúrios" da elite capitalista.
O assunto é bem mais amplo e depende de muito investimento em educação para que se chegue a um nível de consciência social e cidadã elevados ao ponto de se indignar contra as injustiças e de barrar qualquer tentativa de atitudes antidemocráticas e contra o bem estar social, combatendo-as através do controle social e do sufrágio universal.
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