NO TEMPO DO CUSPE...
Meu bisavô fazia festas, trabalhava, criou a família e não pagava conta de água nem luz. Morava ás margens de um rio, construiu uma casa grande, mas nunca gastou com material de construção. Água Sanitária era sambaíba, tempero era açafroa e pindaíba, tomava chá ao invés de café - chá de capim santo, erva cidreira, sambacaetá, malva, hortelã - conhecia inúmeras ervas medicinais. Esponja era a bucha do mato, uma planta muito conhecida do lugar, tinha crédito em todo canto, mas não devia cartão, nem duplicata. Tinha dinheiro, mas não possuía conta em banco, viajava, mas dificilmente entrava num carro. Tecnologia pra ele era o tinir do aço quando produzia suas próprias ferramentas. Não pagava gás de cozinha, cozinhava em panela de barro e nunca botou currículo em empresa alguma. Tinha gado, roças e fartura para manter a família. Nunca se preocupou com a vergonha do corte de água ou de energia, nem do telefone, da internet ou da assinatura da tv em tempos de crise financeira.
Meu bisavô educou seus filhos para o trabalho, respeito e moral. A escola era coisa de rico e vida boa era namorar, se divertir nas quatro festa do ano, casar ter filhos e aumentar cada vez mais a produção com o cultivo da terra e a criação de gado! Dormia cedo e acordava cedo e nunca soube o que é inflação nem estresse ou infarto!
Flávio Hora - Crônicas
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